Título original: Chéri
De: Stephen Frears
Com: Michelle Pfeiffer, Rupert Friend, Kathy BatesGénero: Romance
Classificação: M/12
Origem: Alemanha/França/GB
Ano: 2009
Cores, 86 min
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Paris, "Belle Époque". Lea de Lonval (Michelle Pfeiffer), uma cortesã parisiense de meia-idade, tem uma ligação com o jovem Chéri (Rupert Friend), filho mimado de uma mulher poderosa, também ela cortesã.
Seis anos depois, pressentindo as consequências da relação de Chéri com Lea, a mãe do rapaz (Kathy Bates) decide-se por um casamento de conveniência, obrigando o filho a desposar a jovem e inocente Edmée (Felicity Jones), proveniente de uma família rica e bem conceituada. Mas, à medida que o casamento com Edmée se aproxima, Lea e Chéri percebem que a sua ligação tem raízes muito mais profundas do que poderiam imaginar.Realizado por Stephen Frears ("A Rainha", "Alta Fidelidade") e com um argumento adaptado a partir de um romance da francesa Colette, é o reencontro de alguns membros da equipa de "Ligações Perigosas" em 1988.
Jorge Mourinha, in PÚBLICO, 29 de Setembro de 2009
Chéri
"Chéri" é um daqueles bichos raros que parece uma coisa e é outra. No papel uma requintada alta comédia sobre o romance impossível entre uma cortesã parisiense da Belle Époque e o filho maçado e recém saído da adolescência de uma excolega, pontuado por epigramas wildeanos, na prática "Chéri" é um olhar lúcido sobre um tempo que está a chegar ao fim cruzado com um retrato amargo de uma mulher que se questiona, desvendando a melancolia e a solidão que se escondem por trás das opulentas fachadas mundanas.
Modulado com infinita delicadeza entre a comédia e o melodrama, transportado por uma Michelle Pfeiffer que raramente vemos em papéis à altura do seu talento, "Chéri" é um belíssimo filme "à moda antiga" - andam a fazer tanta falta...
Albano Matos, in DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 24 de Setembro de 2009
Colette: escandalosa e grande escritora
Foi actriz de music hall , envolveu-se na resistência antinazi, fez um ballet para a Ópera de Paris, colaborou com Maurice Ravel, tornou-se uma escritora de renome, mas Sidonie- -Gabrielle Colette (1873-1954) foi, acima de tudo, uma mulher muito à frente do seu tempo.
A controvérsia acompanhou-a, desde que, aos 27 anos, publicou o primeiro livro - Claudine à l'École - respondendo ao desafio que lhe fora lançado pelo marido para escrever sobre as suas recordações de infância e juventude. Colette acedeu, mas a série Claudine (pelo menos quatro livros) seria assinada por 'Willy', a alcunha do marido, Henry Gauthier-Villars.
Terão sido, aliás, as aventuras extraconjugais de 'Willy' e a depressão que elas lhe provocaram que levaram a jovem Colette a livrar-se para sempre do papel de mulher submissa e de... esposa traída, que trocou por uma vida de liberdade. Esta, na Paris do início do século XX, conduzia directamente ao escândalo.
A lista dos seus amantes - homens e mulheres, reais ou presumidos - é extensa e vai desde Josephine Baker (com quem se terá cruzado nos tempos em que mostrava os seus espectáculos no Moulin Rouge ou no Bataclan) a Maurice Goudeket, que acabaria por ser o seu terceiro e último marido. O escândalo terá dado frutos. Simone de Beauvoir reivindica a importância do seu exemplo na libertação do "segundo sexo". Para lá do escândalo, estava a escrita. Os seus livros (para os quais aproveita muitos episódios autobiográficos) contam histórias de relações amorosas num estilo poderoso e aproveitando uma capacidade de observação aperfeiçoada ao longo dos anos. No fim, era respeitada e até admirada e pertencia à Academia Goncourt. Em Dezembro de 1954, quando é atribuído o prémio a Os Mandarins, de Simone de Beauvoir, o júri do Goncourt ainda estava de luto pela morte de Colette, quatro meses antes. Celebrava-se uma passagem de testemunho.
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